Um silêncio, nada mais. As palavras me vem a cabeça, formando frases completas, mas elas, as palavras, não se concretizam para saírem pela minha boca para que os ventos as espalhassem pelos cinco cantos do planeta.
A minha vontade de dizer é grande, mas nada que eu tente fazer terá efeito sobre isso, parece que minha boca não existe e que nunca existiu. Eu não me lembro de tê-la. Eu não me lembro de ter ouvido a minha voz uma única vez. Na verdade, eu não me lembro de ter ouvido qualquer som que me parecesse com uma voz ou com qualquer ruído que seja.
O som nunca fez parte da minha vida de verdade, eu sempre andei, mundo a fora, sem ouvir o que as pessoas me diziam, sem ouvir a chuva caindo no telhado de casa, sem ouvir o zumbido de uma abelha passeando entre as flores do jardim, nem mesmo o vento soprando nas folhas das palmeiras da praia.
O som, ou melhor, a falta dele, me fez ser uma pessoa que não me prendessem a nada. Como é o caso das pessoas e coisas que entraram e saíram da minha vida com certa facilidade como a vida e a morte tem para decidir sobre qualquer pessoa.
Por causa disso, o meu desprendimento é visto, por mim, como algo que me fizesse, em alguns sentidos e momentos, crescer como indivíduo, pois, para mim, nada é duradouro. Nem a minha vida será duradoura. Só me pergunto uma coisa, por que me apegar as coisas se as coisas não se apegam a mim?
Maurício L. Zink
nossa Zink que profundoo
ResponderExcluirbjinhos